segunda-feira, 19 de julho de 2010

(Uma outra) Renata

Ontem, você passou por mim, assim, meio sem querer. Eu curtia um som, dançava “Jet”. O cigarro em uma mão, um copo de margarita na outra. Nossos olhos se cruzaram enquanto o grito dominava o espaço da festa: “I Said, are u gonna be my girl?”.

Amigos em comum, danças com trocas de sorrisos e olhares. E eu entretida em sua aura de mulher mais velha, ciente do mundo e de sua própria feminilidade. Sua maquiagem forte contrastava com o alvo da sua pele, destacava traços incrivelmente lindos. Deixava o seu sorriso e olhar ainda mais sacanas. E eu estava fascinada por algo em você que berrava sexo. Algo que me atirava a você em um impulso inevitável.

Conversamos. Trocamos provocações. Cada milímetro de pele respondia ao que, até então, eram apenas palavras. A cabeça navegava em desejo; Procurava descobrir seu gosto, seu cheiro, sua textura. Desvendar suas curvas. E eu me esforçava para não fechar os olhos e viajar nas loucuras da minha mente. Era como se o seu olhar já fosse sexo, lambuzando o meu corpo em tesão descontrolado. Sentia algo pulsando levemente, entre as minhas pernas. Tentava disfarçar a necessidade que o meu corpo tinha pelos seus toques.

E a festa acabou. Saímos juntas do lugar. E você me chamou pra dormir em sua casa. Não havia espaço para não em minha boca. Eu era aceitação. Recepção. Receberia e doaria tudo. Trocaria ingenuidade ou malícia. A escolha era sua. Eu seria o que você quisesse que eu fosse.

Quando deitamos, você sussurrou algo que eu não entendi. O seu sorriso denunciou o intuito dessas palavras. E eu te beijei. Com a necessidade de quem tenta salvar a própria existência em um beijo; Com as mãos nervosas que derrapavam em suas curvas. E tudo era mescla de loucura e impulsos: “necessidade e vontade; necessidade e desejo”.

Você tirou a minha blusa, arranhou minha cintura, mordia e beijava os meus seios. E eu explorando o seu corpo ainda vestido, tentando controlar a explosão que se instaurara entre as minhas pernas.

E eu fui te despindo aos poucos. E fui delirando a cada pedaço de pele que brotava por além de suas roupas. Lindos sinais negros pelo seu corpo. E língua e mordidas percorrendo cada milímetro de você. E eu te via se entregando, jogando o rosto e o pescoço para trás; Gemendo como quem lê poesia, como quem canta uma canção.

E você se atirou em mim. E resolveu também me percorrer com a língua. Boca e mãos maravilhosas, que me transformaram em uma espécie de Deusa por algumas horas. Seios, barriga, virilha. Bunda. Tudo que era meu te pertencia. E você se embrenhando no meu corpo como quem quer fazer um ninho. Voracidade, loucura anormal. Você lambia a minha concavidade enquanto eu gemia loucamente, esperando os seus dedos dentro do meu corpo. E você me fez implorar por eles; Contorcida, desesperada, enlouquecida. Curtindo a tequila dos meus drinks em seus toques, em sua língua. Foi eu sentir o seu primeiro dedo explorar os espaços do meu corpo pra eu sentir que aquela noite duraria um infinito.

E lá estava você, me penetrando com fúria, jogando o meu corpo para dúzia de posições diferentes; Brincando com os meus orgasmos; Gemendo ao sentir meu corpo pulsar nos seus dedos. E eu cavalgava em você; Quicava nos seus dedos. E mordia o seu pescoço, me afundava nos seus seios, precisava de tudo. Meu corpo já não sabia ser só meu. Era uma extensão das delícias que você me proporcionava.

Era demais pra mim. Não dava pra passar mais um segundo sem sentir o gosto das suas entranhas. E retomei a busca de minha língua por toda a pele do seu corpo. Tantas sensações, tanta luxúria. Mergulhei em você com o desejo de morar ali. De sentir aquele gosto para sempre. Você gemia e seus gemidos só me faziam procurar por mais. Eu também queria tudo de você.

E os meus dedos foram tomando vida própria. Um, dois, três. E você linda, jogada na cama, mordendo os lábios. Uma boneca de pano erótica. E eu morando nos teus seios, penetrando os meus dedos em estocadas violentas. Apertando a sua bunda.

E você linda, perfeita. Mulher. E eu mudando ritmo e posições pra te aproveitar melhor. Girando os meus dedos, de leve, dentro de você. E me mantive te explorando feito louca, até você desabar em exaustão orgástica no meu seio. Eu só não podia parar de te beijar. E assim, fomos, percorrendo o início da manhã na nudez uma da outra. E só paramos quando já não existia mais força para continuar.

Eu acordei sem saber quem era. Onde estava. As dores do meu corpo me apontaram pra você, que dormia do meu lado. Fiquei deitada, observando os detalhes da sua pele. E levantei, me arrumei e saí. Sem adeus, sem bilhete, sem nada. Carregando, apenas, as dores de uma noite de prazer. E o seu nome, que lateja, quase como um gemido, em minha mente: Renata.

5 comentários:

  1. Uou, fiquei até sem ar!
    Selvagem, mas ainda sim, doce.
    Deve ser o conto mais lascivo até agora ._.

    Parabéns!

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  2. '-' wow
    '-' Imaginei o nome como um gemido na mente, latejando. show '-'
    MTo bom, mesmo. Vc escreve tao bem *-*

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  3. adoro a palavra "concavidade", ela pode querer dizer tantas coisas, rs.

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  4. sabor de DOCE FERVENDO...de queimar a lingua.

    muito bom.

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