Lilian foi um presente inesperado. Um presente filho da puta, daqueles que te alegra, te diverte e te faz sentir estúpida. Aliás, continua sendo.
Com ela, passei as melhores tardes, à beira da baía, olhando o pôr-do-sol, ou seus olhos azuis. Com ela, comecei a ouvir Dresden Dolls, porque ela tem a mesma mania chata que eu, de empurrar seu gosto musical pros amigos, porque é impossível alguém ser tão legal e não curtir as melhores músicas do mundo. Com ela eu aprendi o que é amar, e simplesmente amar, “no matter what”. Com ela percebi que as relações não acabam com um coração partido.
E o meu foi bem partido.
Tudo começou com um livro. 1984 – George Orwell. Ela fez a referência, eu pesquei. Depois disso, a UFF era nossa. Nossos papos, reflexões. Nosso desprezo pelas mentes medíocres disfarçadas em erudição.
E trocávamos textos: Ela e o erotismo; Eu e as letras de música. Comentávamos frase a frase. E eu arrumava desculpas pra chegar em casa 6h depois do que devia. Eram horas mágicas: Segredos, piadas, observações. Tudo era rodeado de uma aura dourada. Pra mim, era descobrir um mundo dentro de um mundo que eu já conhecia.
Era 2006 e nenhuma de nós ainda tinha tatuagem. Acho que ela ouviu falar do Mafueira*, não lembro se postumamente ou não. Ainda não havia Nuvens Negras**. Nada. E a gente só batia papo. Eu tinha um namorado. Ela também. Felipe e Hugo. Eu falava mal do meu, ela falava bem do dela (ou era o contrário?).
E teve um churrasco. Lilian tinha acabado de terminar. Eu também. Mas, antes, prova de História Medieval. Saí da prova, ainda em jejum, procurando bebida. No meio do vinho, da vodca e da cerveja, a encontrei.
E eu peguei a Courtneyzinha*** e pedi silêncio “Pra eu tocar uma música pros seus lindos olhos azuis”.
E eu não me lembro de muita coisa, depois de ter fumado um (foi a minha primeira vez), logo depois disso, mas lembro que ela estava ali, cuidando de mim. Lembro de rolar na grama com o Taiguara e de pegar o Pinga. Lembro de falar pra Flávia jogar água no meu cabelo e de surtar porque “eu não posso ficar feia”.
Mas, eu lembro mesmo foi de Lilian sentando no meu colo, naquelas mesinhas que a obra do campus pôs abaixo, e me beijando, assim, do nada. E eu achava q era sonho, que era viagem. E eu perguntei: “por quê?”. Ela respondeu: “como assim? Você pediu, depois de cantar ‘Miss You Love’ olhando pra mim”.
Fiquei confusa. Jurava que Lilian era hétero.
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*Mafueira = A banda que eu tinha até metade de 2006 (nunca chegou a fazer show)
**Nuvens Negras = Última banda que eu tive (fez alguns shows bem bacanas)
***Courtneyzinha = Meu violão de criança.
J, adorei a sutileza desse texto.Por do sol, grama, e Coutneyzinha!Quem ler se sente um pouco transportado para o momento de vcs.
ResponderExcluirBjão!
Adorei essa face descompromissada na sua escrita.
ResponderExcluirE que graça, seu violão tem nome ^^
Eu li e reli, já, ao menos umas quatro vezes.
ResponderExcluirAcho que posso optar, nesse momento, entre ser crítica, como de costume, ou ser apenas e tão somente emocional.
Dessa vez optarei, simplesmente, pelo lado emocional da coisa.
Antes de continuar, quero deixar registrado que passa da uma da manhã, acordei cedo e tive um dia longo.
Começando por mais do que o fim: pergunto-me até onde você irá. Fiquei genuinamente curiosa - todos os altos e baixos, todos nossos dias e anos?
Retorno ao fim, agora. Sempre considerei engraçada essa sua certeza da minha heterossexualidade. Posso dizer que é algo até mesmo confuso. Afinal, quem tocaria "Miss You Love" para uma hétero convicta?
Para mim vejo um pouco menos de poesia, um pouco mais de... corpo? Prosa?
E cá estou eu sendo analítica.
Mas talvez isso não seja de todo ruim. Na verdade, talvez isso não seja nada ruim, pois acredito que é o melhor que tenho a oferecer em troca de algumas linhas que me foram traçadas.
Já passam das duas da manhã.
Você merece muito mais...
Um pouco de verdade, quem sabe:
Suas linhas trouxeram-me um sorriso aos lábios, borboletas à barriga e lágrimas aos olhos.
Há um quê de saudosismo em mim neste momento.
Com amor, sempre.
=0
ResponderExcluirLi, não tentei um texto que fizesse jus a vc. só quis que ele retratasse o carinho q temos uma pela outra e que fosse pessoal o suficiente para nos fazer sentir em casa.
ResponderExcluir(L)
1. Miss u love não é uma música de amor, é sobre sentir falta de usar as pessoas. toquei pra vc pq tinhamos conversado sobre a letra e concordado com ela, um pouco antes;
2. até onde vou, não sei. Mas foi um bom começo, né?
Jeh e Juliet:
Obrigada, meninas, vcs são sempre as mais fofas
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