quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Helô


Eu já sentia o cheiro de morte de quem eu mais amo. E vi vazar minha mortalidade que escorria com o sangue da minha cabeça. Correria interna; busca das vitórias que havia preterido; desespero.

E você aconteceu.

Desarmou minhas barreiras, sorriu sincero, me fez feliz. Não, eu não esperava por nada, ainda mais por uma mulher que fosse força da natureza, como você. Engraçado te ver acreditando mais em mim do que eu mesma; divertido brincar de existir em tua pele; em tua mente.

Não há o que dizer. Palavras não sentem; não cuidam. Há algo de mágico em tudo o que não se diz. Há contos-de-fada por Alan Moore em nosso romance não-romântico. Só o medo não existe: o mundo nasce e morre todos os dias em nossos dedos. Brincamos de deusas; interpretamos nós mesmas.

E você estava ao meu lado quando meus demônios me abandonaram: ela está bem; eu venci minha guerra. E me ensinou a ter fardo como hobby; a sonhar com as estrelas; esperar e procurar sempre por mais.

Você ajudou o meu sonho se tornar realidade.

E me inspira: de poemas a letras de músicas; de prosa ao canson; de utopia ao sucesso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lara (ou A Chave na Porta)


Lara tentava se abrir para as palavras que fluíam dentro de si. Era a corrente furiosa de uma cachoeira, algo que lhe feria e curava, ao mesmo tempo. Sentia enjôo de frases que nasciam independentes dela; sentia o corpo usado por fantasmas esquizofrênicos que vomitavam verdades enlouquecidas em sua mente.

As velhas vozes companheiras. Já havia se acostumado com aquela feira livre em sua cabeça. A gritaria já era quase um sussurro. E Lara já entendia que sua sanidade era fruto dos espectros que lhe sopravam ao ouvido. Não importava, aquilo era parte dela, havia a aceitação de tratar o externo como inerente, mas ainda se perturbava com a fúria das palavras que a invadiam. Doía esperar passar o ímpeto louco de pegar lápis e papel, como se a sabedoria fosse escoar de si própria e precisasse registrá-la, para se decifrar depois.

Estava deitada. Nua. A luz da televisão incidindo em sua pele, mas Lara olhava para o rosto adormecido em seu peito. Olhava para aquela mulher repousando a feminilidade em seu corpo. Aquela mulher linda, por quem possuía um afeto que não sabe descrever, vestindo apenas a própria pele, a coberta marcando as curvas de ambas. Então, Lara percebeu a si própria, também, como mulher. Observava a si e à mistura aquarelada das cores das peles que se entrelaçavam.

Lara a afagava os cabelos e olhava seus olhos fechados. Ela adorava aqueles olhos. Sua mulher jazia em sua pele, com suspiros de sono pesado: Tão linda, tão mulher... tão frágil...

E tudo ficou claro. A chave na porta. Lara pôde se abrir ao perceber o porquê de não se entender como mulher. Entendam que ela sabia de sua estrutura física, dos pequenos seios que brotavam por dentro de suas blusas, e dos quadris que desabrochavam por dentro dos jeans. Lara se sabia mulher, mas não se entendia assim. Era a fragilidade. Ela a havia perdido junto com a inocência. E endureceu. Lara acreditara, em um passado não tão recente, que precisava de um homem para lhe proteger. Foi a última vez que se sentiu porcelana, ou argila, e pensou que quebraria. Ela, não só, já não sabia ser frágil, como não o desejava.

Lara queria entender de delicadeza, e, de certa forma, até entendia. A mulher que se entregava a Morfeu em sua pele era a prova disso. Seu dever era preservar o direito das outras serem frágeis. Deveria lhes guardar a inocência que lhes fazia dançar balé enquanto se moviam. E os sorrisos mais leves que plumas.

A chave na porta. Lara chorou e sorriu. Se aconchegou no corpo já adormecido, abandonou as palavras até a manhã seguinte, e foi feliz. Sua dama seria dama e, ela, qualquer coisa que merecesse aquele afeto, de nuvens finas, em um dia ensolarado.

sábado, 11 de junho de 2011

Janaína

Antes de você, sexo era soneto: Rima e métrica desesperada. Teus toques transformaram solidão em esporte; Loucura em prosa poética.

domingo, 15 de maio de 2011

Heloisa


Estrelas conversam comigo. E, em meio às suas palavras de solidão, sonho com o teu corpo aconchegado ao meu. Penso que teu microcosmo expande em mim, fazendo o universo medíocre na grandiosidade do teu ser. Respiro a fumaça do cigarro que queima entre meus dedos, desejando respirar teu cheiro e ter tua pele em minhas mãos.

Travo uma guerra com o relógio, implorando por segundos de paz no teu sorriso. E me ocupo com o que me constitui para não me afogar no que é você no tempo que não te tenho por perto. E sofro sem sofrer. Porque te ter é conforto e casa; é abrigo. E já não sinto o vazio pulsando no meu peito. O que era nada, é poesia.

E me divirto ao perceber que você é mais do que expectativa maquiada que seduz meu ser. E te vejo como algo etéreo, que desperta o melhor em mim. Então, converso com as estrelas e peço para que elas me dêem paciência para agüentar a vida que ainda existe sem teus beijos e o abraço que esconde o calor do sol. 

Mas, o telefone toca, para eu ouvir tua voz. E o mundo acalma. Fecho os olhos e me transporto para o seu lado, enquanto encontro tuas palavras. Sonho sem sonhar. Revivo lembranças. E me pego sorrindo, como louca...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Renata Chiossi (ou Reis dos Santos)

E, foi verdade, mesmo que só por aquele instante, o que eu te disse. O amor me amargara a boca e, ainda agora, não sou forte o suficiente para te proteger. E eu queria um escudo impenetrável e intransponível para te isolar do mundo que nos machuca. 

Eu queria sentir a sua dor.

Eu queria te entregar o mundo numa bandeja para que você o moldasse à sua imagem e semelhança. Porque, no meio da sua perfeição, encontro uma Deusa muito mais benevolente que a de qualquer religião.

Te olhar os olhos é sentir pureza. Tocar sua pele é renascer em uma tortura inimaginável, por não macular seu âmago com as mãos manchadas de pecado.

Eu te quis e desejei, sem saber o que fazer para te ter. Também, nunca soube o que, de mim, deveria esquecer pra te arrancar da alma.  

Sunshine Award

Então, O “Nomes de Mulher” ganhou um selinho fofo, gente!
Quem passou esse award foi a querida Juliet. Então, vamos lá:



“As pessoas visitam vários blogs, mas por alguma razão existem alguns que acabam por tocar o coração de uma forma que outros não tocam, por isso agradeço muito aos blogueiros que visitam, seguem e sempre me dão um Oi ou Olá de vez em quando...Obrigado e conte comigo em mais um ano!

Para todos esses acho que esse selinho será um presente;

O selo e o prêmio servem de reconhecimento e incentivo ao trabalho dos blogueiros espalhados por todo o Brasil, criando uma rede de indicações e blogs.

Quem recebe o selo, deve seguir algumas regrinhas;
Estas visam indicar para Sunshine Award mais alguns blogs para que sejam analisados e possivelmente premiados:

1- Criar um artigo sobre o prêmio;

2- Criar um link do blog que o indicou;

3- Indicar outros 12 blogs para a Sunshine Award;

4- Informar aos indicados sobre o prêmio”.

Eu não estava esperando MESMO. Ainda mais porque deixei o blog abandonadinho, de um tempo pra cá, mas tenho tentado mantê-lo atualizado. Os blogs que eu indico são:



Espero não ter esquecido de ninguém. E, como ainda não linkei ninguém no template, vou esperar comentários com os blogs pessoais de vcs ou indicações, pode ser?

É isso. E um “super-obrigada-pelo-carinho” a todas: pelos comentários, Links, Tweets e indicações. Grande beijo!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ana Carol (ou a carta que não entreguei a você)

Eu deveria aprender a dizer não a você. Eu deveria te deixar em paz, mas não consigo. É só por isso que eu sigo te perseguindo: Porque você se alojou na minha cabeça e, por mais que eu queira te tirar da minha vida, não consigo me libertar.

Quando você surgiu, por dentre as trevas, fez-se a luz. Tudo o que eu queria era saber o porquê; Por que vieste iluminar o meu caminho?

Eu era triste, sem esperanças. Você veio se tornar a minha morte lenta e salvação. Já não importava o quanto doía as minhas falsas esperanças; Meus sonhos mudos. Você sempre soube silenciar minhas entranhas. Desde que você apareceu, jamais voltei a agonizar por dentro.

Foi lindo o dia em que pude alisar-te os cabelos, beijar-te os lábios. A cena se repete na minha cabeça, como num filme de amor: Seu rosto suave, de finos traços...

Mulher, minha amiga, não sabe o medo que me aflige o peito em saber que um dia, talvez, seus olhos castanhos, diamantados, não se cruzem com os meus. Em saber que, talvez, o mesmo medo que eu sinto seja aquele que te atormenta; Que seja ele o assassino da pureza dos meus sentimentos.

Não sei o que, nesses dias, se passa em sua mente; O que acha desta pobre mortal que te escreve com o coração neste pedaço de papel. Não faço idéia dos teus sonhos e do que você vive, então, te peço: Faça valer a preciosidade das suas palavras. Mexa seus lábios e diga algo, mesmo que seja um adeus.

Porque eu preciso saber até onde vai a sua amizade, para controlar esse vício que tenho de me apaixonar por você, a cada vez que me deparo com a sua perfeição.


(16/Junho/04) - Texto escrito, aproximadamente, um ano e meio depois dos acontecimentos narrados aqui.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dois nomes (ou quatro, se preferir)

Sinto-me só
E só sinto o que não existe
Mentiras pulsam no meu peito
Na melodia que ignora a dor
Por ser dor por si só.

Sinto-me só
E só sinto pecados mentais
Vida podre sujando o que é bonito
Pra transformar melancolia
Em substantivos e advérbios
Adjetivos de você.

Depreciando
O que finjo que não sou:
Feridas de um coração
Que dói
Para não morar no silêncio.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Carolina

Eu me distraí com o seu rebolado, mulata; E, esqueci das promessas bonitas que fiz para mim. Eu me confundi com o seu sorriso, morena. E me perdi, para encontrar o ébano da tua pele; Os cachos dos teus cabelos.

E me peguei como uma tola, em qualquer canto, rindo à toa.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Jennifer Louise (ou o primeiro ato sobre mim)

Tantas doses duplas de veneno
Falta pouco para acabar meu ar
Sinto o relógio correndo ao contrário
E os músculos não saem do lugar...

É língua débil e um sorriso amarronzado
Urina solta e uma falta de mim mesma
Falta saudade e coragem e valor
Falta verdade em atitudes e palavras
E amor.

Não falta mágoa e o que sobra são mentiras
Um barco a vela naufragado no inferno
É um inverno de séculos guardado em semanas
Desilusão sambando louca em minha boca.

É minha vida derretendo nos seus olhos
E minha vida escoando em minhas mãos
Os pés caminham, derrotados, pela lama
Se afundando nessa falta de esperança...

Os braços fracos estão cansados de lutar
Contra essa teia traiçoeira de lembranças
Eu tenho medo de esquecer como esquecer
Estou perdida numa rua de mão única.

Sinto a loucura me empurrando para frente
E a sanidade me pedindo pra voltar
Não há entrada, nem saída, nem minha casa
Me esperando e implorando para entrar.

São só palavras desesperança e tristeza
Me iludindo em pensamentos sem sentido
E eu me giro contra a minha sanidade
Enclausurando ideologia com libido.