quinta-feira, 1 de julho de 2010

Thaís - Capítulo 2

Passaram duas semanas desde que vi Thaís pela primeira vez. Era hora de agir. Causar a aproximação que me levaria mais próxima do que eu ainda não sabia. Passei por ela, mais de metro de cachos escondendo a minha vergonha de seguir em frente. E aquele andar gingado, de malandro que não tem medo de nada. A batida de “Everything ends”, no disk man, me dava a confiança que eu precisava. Parei. Estava de frente para ela, que fumava um free, com o olhar blasé no corredor do terceiro andar. Olhei como quem desafia. Como quem chama pra briga. Como quem não precisa da existência do outro. Pedi um trago. Ela tragou e jogou a fumaça pelo meu ombro esquerdo. Disse que não. Que eu não fumava, mas acabou cedendo depois de qualquer argumento irrelevante.

Ela pegou o maço no bolso da blusa e me estendeu um cigarro e o isqueiro. Ela tinha razão, eu não fumava, mas, enquanto nossos cigarros estivessem acesos, eu teria uma desculpa pra ficar ali. Ela falou algo sobre como se fumava, mas eu não consegui ouvir. Segurava o cigarro com o polegar e o indicador. Segurei o cigarro assim por mais de um ano, na realidade. Nos apresentamos ali e, sem perceber, nos tornamos uma dupla. Ela me sorriu. Foi a primeira vez que a vi sorrir naquelas duas semanas. Depois disso, não precisamos falar mais nada. Estava selado. Éramos companheiras. E terrivelmente diferentes. A patricinha puta e a roqueira magrela. Não havia como fugir. Era o que todos viam quando olhavam pra nós. Inclusive os nossos próprios olhos nos percebiam assim.

E eu me transformei numa sombra de Thaís, uma aprendiz de como se tornar mulher. Depilação, lápis de olho, calcinha sexy. Até o meu andar começou a mudar. Cigarros e aquela expressão de “não me importo com você”.

E o meu sonho de olhos abertos voltando, cada vez com mais detalhes. Agora, já podia sentir a textura da sua pele, seu cheiro, tudo, enquanto ela rasgava as entranhas no sexo pulsante da silhueta, Enquanto violava uma inocência que deveria existir, mas não estava ali.

Então, já éramos confidentes. Thaís sempre falava de sexo. Do seu noivo de trinta e poucos anos que a levava e buscava na escola todos os dias. Das escatologias sexuais que eles resolviam na cama, ou no banheiro, ou no banco de trás do Gol vermelho dele. Eu sentia cada palavra e escrevia sobre elas, como um diário de perversões que me ensinaria o que fazer quando a minha vez chegasse.

Ela me descrevia as paredes dos motéis, e as sensações que tinha quando se sentia penetrada. Assumiu que não conseguia lidar com o sexo, estando sóbria, quando reparei que ela cheirava, com certa freqüência, no banheiro feminino. E disse que começou a fumar mais para não deixar seu vício tão evidente. O cigarro reduzia as sensações desagradáveis do seu nariz. Eu deveria ter me preservado e deixado Thaís, mas já era tarde. Estava envolvida demais pra distinguir o certo do errado. A razão da emoção.

Eu havia faltado à aula por dois dias. Cheguei para o segundo tempo, numa quarta-feira. Literatura. Subi as escadas em busca da falta de fôlego que ela me proporcionava. Ela estava lá, no pedaço do corredor que já era nosso, porque ninguém passava por ali, nem mesmo os inspetores. Ela e um rapaz que eu não sabia o nome, misturados como se fossem um só. O negro da pele dele complementando as curvas brancas de Thaís. Formando um Yin-yang de luxúria e carne pulsante. De suor.

Ela me viu parada assistido ao seu próprio deleite e me viu partir. Não, Ela não se importava. Ela não disse palavra. Ignorou meu trauma. Não me seguiu pra longe dali.

2 comentários:

  1. uau. de todas gosei mais da thais.
    uma luxuria tão quente q dá pra sentir daqui!

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  2. concordo com a Andreza .. a história da thaís ta mto bem feita , e é uma historia que vc quer ler , precisa ler. ADOOOREEEI

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